Com a ocorrência da pandemia do COVID-19 e as restrições sanitárias, grande parte da população vivenciou o aparecimento de sintomas depressivos e ansiosos. Uma pesquisa realizada pelo Instituto IPSOS estipula que 53% dos brasileiros entrevistados consideram que seu bem estar mental piorou muito ou pouco em 2020.
Alguns sintomas depressivos são a sensação persistente de tristeza, perda de interesse em atividades diárias, alterações fisiológicas como o sono e alimentação, níveis de concentração e disposição, percepção de autoestima, dentre outros. É possível observar semelhanças com alguns sintomas ansiosos, como o estresse, irritabilidade, atenção prejudicada, preocupação excessiva. É muito comum que, ao se sentir dessa maneira, as pessoas tendem a se desconectar e se isolar cada vez mais de tarefas e pessoas que antes faziam parte de seu convívio, visto que se sentem mais confortáveis estando sozinhas. No entanto essa introversão e redução de atividades satisfatórias, geralmente causa ainda mais desânimo e falta de vontade, o que inclui o indivíduo em um ciclo de sentimentos negativos.
A técnica de Ativação Comportamental é utilizada geralmente pela abordagem Cognitivo-Comportamental, podendo ser aplicada em crianças, adolescentes e adultos, e resumidamente utiliza três princípios para auxiliar na redução desses sintomas: inserção de atividades prazerosas, enfrentamento das condições aversivas e aumento do repertório de resolução de problemas. É importante ressaltar que a avaliação sintomática e a aplicação contextualizada da técnica precisa ser realizada em terapia por um Psicólogo.
O primeiro passo da Ativação Comportamental é o monitoramento da rotina do indivíduo para buscar a relação entre as tarefas e o humor, as principais habilidades, e as atividades mais reforçadoras. Em seguida, é importante traçar os objetivos a serem alcançados, considerando as áreas que deverão ser trabalhadas (exemplo: lazer, profissional, social…), e planejamento de atividades prazerosas considerando primeiramente as mais prováveis e fáceis para o indivíduo, para as mais improváveis e difíceis de serem realizadas.
É importante que a pessoa organize em um papel quais serão os objetivos a serem incluídos na rotina, os horários em que deverão ser cumpridos, e o nível de dificuldade o qual se enquadra (considerando do mais fácil ao mais difícil). Com a inserção de tarefas prováveis do indivíduo realizar com facilidade, será naturalmente reforçado pela conquista, ou seja, ficará feliz por ter conseguido cumprir o objetivo, e se sentirá motivado a praticar mais vezes.
A ativação comportamental possibilita que, em pequenos passos, a pessoa comece a se engajar novamente em sua rotina, e se sentir satisfeita diante de suas conquistas, proporcionando iniciar um ciclo mais positivo. Com o tempo, o próprio indivíduo começará a identificar quais são os gatilhos e as dificuldades que o impedem de cumprir seus objetivos, construindo novas estratégias de resolução dos problemas.
Segue indicação de leitura mais aprofundada sobre a teoria e prática da técnica: Ativação Comportamental na Depressão